terça-feira, junho 07, 2016

MDM critica comissão parlamentar sobre abusos dos direitos humanos

O MDM, acusou o presidente da comissão parlamentar que investigou alegações de abusos dos direitos humanos no centro do país de precipitação, considerando ainda que as pessoas ouvidas estavam com medo.
"O presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade precipitou-se ao falar à imprensa sobre as suas conclusões sobre a investigação", afirmou Laurinda Cheia, deputada e única representante do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) na referida comissão, falando na segunda-feira em conferência de imprensa.
Citada pelo jornal O País, Cheia criticou o facto de o presidente da comissão parlamentar, Edson Macuácua, ter afirmado que não havia provas de existência de uma vala comum no centro do país, quando as investigações ainda não estavam encerradas.
"As investigações não estavam ainda encerradas e a comissão devia, primeiro, apresentar os resultados à Comissão Permanente da Assembleia da República, mandatária das investigações", declarou a deputada do MDM.

A Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade da Assembleia da República de Moçambique considerou no fim de semana que a presença de corpos abandonados debaixo de uma ponte na província de Manica configura uma violação dos direitos humanos.
"Lamentamos o facto de termos encontrado aquela situação de 11 corpos debaixo da ponte. São restos, ossadas, o que configura uma violação dos direitos humanos", afirmou o presidente da comissão, Edson Macuácua, citado pelo jornal O País, após uma visita dos deputados ao local, no distrito de Macossa, mais de um mês após as primeiras denúncias.
Apesar de as autoridades apenas terem visitado o local dos onze corpos debaixo da ponte, existem pelo menos mais nove cadáveres documentados por jornalistas, numa zona próxima, entre os distritos de Macossa e Gorongosa.
Esta é a segunda fase das investigações depois das audições da comissão parlamentar em Maputo e na cidade da Beira e de na terça-feira da semana passada a comissão ter negado a existência de uma vala comum em Canda, distrito de Gorongosa, denunciada por camponeses no final de abril à Lusa.
"O resultado [das investigações] permite-nos afirmar de forma categórica, inequívoca e definitiva que não há uma vala comum em Canda", afirmou Edson Macuácua, na terça-feira.
A 30 de abril, jornalistas de vários órgãos de comunicação social, incluindo a Lusa, testemunharam e fotografaram 15 corpos espalhados no mato, entre os distritos da Gorongosa, província de Sofala, e Macossa, Manica.
Mais cinco corpos foram encontrados por um grupo de jornalistas da France Presse (AFP) e Deutsche Welle (DW) em Macossa, centro de Moçambique, aumentando para vinte o número de cadáveres descobertos na região, informou na quarta-feira a agência noticiosa francesa.
Os corpos foram abandonados nas proximidades do local onde camponeses alegaram à Lusa ter observado uma vala comum com mais de cem cadáveres, até ao momento desmentida pelas autoridades, e sem que os jornalistas tenham conseguido ter acesso ao local, numa zona de forte presença militar, no quadro do conflito que se vive no centro do país.
A região da Gorongosa, onde se presume encontrar-se o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, tem sido marcada por confrontos entre o seu braço armado e as forças governamentais.

Fonte: LUSA – 07.06,2016

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